quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Antes da eternidade

Passou tão rápido. Passou tão rápido e carregou tudo pro passado. Passou tão rápido e varreu as dores pra debaixo do tapete. Mas e se eu não estiver pronta? E se eu não estiver pronta pra deixar de ser aquela com os joelhos ralados? Ou aquela com um sonho que parecia difícil demais, e que parecia tão mais difícil do que sonho? Ou aquela com o coração perambulando por aí com alguém? E se eu não estiver pronta pra deixar pra trás aquilo que já foi sepultado? O que você vai fazer, tempo? Será que me arrastará, então, pra sepultura, pra que eu possa fingir viver com aquilo que não tem mais vida? Ou me arrancará de lá e me fará ver que, pelo amor de Deus, eu mal comecei a viver? Me jogará dentre os vivos, os deprimidos e os irritantemente felizes e me fará olhar para aquilo que você ainda não levou de mim? O problema é que passa tão rápido. É um sopro. E tudo é tão efêmero que se torna difícil demais ter uma noção de eternidade. Mas ela chegará. E então, tempo, eu enfim terei te vencido. Serei eu, Ele e nenhuma dor debaixo do tapete. Serei eu, Ele e quem Ele quiser. Serei, enfim, bem mais que um sopro. Terei vencido a ti. Antes disso, porém, preciso vencer a mim mesma. 

Um comentário:

  1. Que profundo; que dom de escrever! Não sei traduzir em palavras o orgulho e a felicidade que sinto ao constatar isso.

    ResponderExcluir