quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Paz


Por essa paz que eu não sentia há tanto tempo, Senhor, obrigada. Pelo mover das águas e pelo céu claro, pelo sentar na varanda, pela brisa nos meus cabelos. Obrigada, Senhor. Tu resgatastes o que há de melhor em mim. Tu me ensinastes a viver de uma maneira tão pura e, por mais que parecesse impossível, agora está tão fácil! Obrigada, Senhor. Pelas pessoas que Tu tens colocado em minha vida, como um presente lindo e gratuito. Pelos últimos dias - calmos, simples e tão maravilhosos. Obrigada. Pela Tua casa. Pela minha casa. Meus lugares de aconchego e luz. Obrigada por Tua repreensão, pela disciplina que cobras de mim, como todo pai zeloso faz com seus filhinhos. Obrigada pelo amor. Ah, o amor... eu quero ele. Mais e mais e mais. Eu quero receber, quero dar, quero SER amor. Porque é o que Jesus quer que eu seja. Amor em todas as formas: sentimento, decisão, atitude. Amor de Deus. Amor de humano... Obrigada, Senhor, pelo amor e pelas pessoas que Tu me destes para amar. Obrigada porque Tu me amastes primeiro. Obrigada pois o meu coração se sente aquecido e radiante diante de Ti, se sente pronto para fazer o que deve. Se sente pronto para orar pelos que me perseguem, pronto para perdoar, para amar de novo, para sentir muito mais. Pronto para receber um coração de Deus. Mas antes de receber a pessoa de Deus pra mim, ser a pessoa de Deus para alguém. Ter o coração de Deus para alguém. Coração para ser, em tudo, submisso à Tua vontade. Ser grato pelos dias nos quais pulsa, grato pelo amanhecer, grato por ser Teu. Coração de verdade. Coração em paz.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Está lá

Estava lá. Escondido em algum lugar por trás da dobra suave dos seus sorrisos e dos olhos encharcados de lágrimas. Estava lá. Como um gigante invisível que anda a passos curtos e na pontinha dos pés, torcendo para passar desapercebido. Mas não seria possível. Não por muito tempo. Por que de alguma forma ela sabia: ele estava lá. Certamente uma hora viria a escorrer por entre as palavras ou em um gesto mal calculado. 

O amor estava lá. Guardado em um coração que se vestia com dureza, que fugia dos perigos. Mas era inútil. Ela já estava vulnerável. Amava. E isso era o bastante. O bastante para derrubar todos os muros que havia construído com suor, para desmascarar as mentirinhas que contava achando que não fariam mal a ninguém. O amor estava lá. Isso a assustava. A deixava desprotegida. Era uma verdade velada, enterrada em suas entranhas. Ninguém precisava saber. O amor estava bem escondido no cantinho mais escuro da sala de seus pensamentos. 

De uma forma ou de outra, ele estava lá. Sendo suprimido pela dor que um dia estivera ao seu lado e que, ao ir embora, esqueceu de limpar a bagunça que tinha feito. E ele era o seu maior segredo. Mulher forte? Só para o lado de fora. Solitária, assumidamente. Assim era melhor. Assim seria seguro. Ninguém mais haveria de enxergar o que um dia era escancarado: ela era uma menina assustada. Tudo isso porque ele estava lá. "Amor, vá embora.", repetia. Nunca adiantava. Ele ficava. E cada vez que ela tentava o expulsar, ele se escondia em um lugar mais difícil de desvendar.

O seu esconderijo ainda não foi descoberto. Mas ele está lá. Escondido e cada vez maior. Ele já passou da idade de ser mais maduro, mas prefere ser criança. Brincar de esconde-esconde pode ser cansativo para um adulto. Mas ele não cansa. Se esconde nas vestes, no riso, no olhar opaco, no som doce da voz. Ele é tudo nela. Mas, ainda assim, vive despretensiosamente, fingindo não ser nada.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Deus, olha por mim. Olha através de mim.

Se eu não conseguir mais olhar p ti, vou pedir a Deus para olhar por você. Se a gente não se olhar mais, vou pedir a Deus para olhar por nós. Com olhar misericordioso e doce. Com amor. Com verdade. Como quando um bebê olha a sua mãe. Como a pureza se revela. Como Ele quer que olhemos um para o outro.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Nosso único sim


Olhavámos as estrelas e elas nos lembraram: tínhamos muito mais a perder do que a ganhar. E mesmo assim continuamos. Estávamos confortáveis naquele abraço. Duas mãos, dois lábios, dois corpos... Implorando um pelo outro. E duas almas um tanto perdidas e assustadas. Deus me lembrava o tempo todo que o certo é sempre o certo. Mas eu confundia meus sentimentos com a verdade. O mundo dizia não, mas eu segurava sua mão com força e te ouvia repetir: sim, sim, sim. Era uma prisão, mas eu imaginava estar livre. Todo o resto via que não. Dizia que não. Conspirava pelo não. Mas parecia ser a gente sempre contra todo mundo, o que de certa forma parecia ser motivador. Era bom te ouvir dizer que ia ser sempre por mim. Era bom achar que todos estavam errados. Que ninguém era como nós dois, como você costumava dizer. E eu concordava: ninguém. Nunca. Em lugar nenhum.

sábado, 4 de janeiro de 2014

O coração que chamo de meu

Eis que é um coração assim: novo, mas com cicatrizes. Algumas feridas abertas. Outras sumidas, como se jamais tivessem existido. Brilhante. Grande? Do tamanho que deve ser. Insensato, por vezes. Carente e vívido, ávido por amor. E fala dele tanto quanto o sente. Insistente. Ainda é em parte criança, imaturo, medroso, inocente. Mas caminha em passos largos para tentar acompanhar a menina que mais rápido do que pensa se torna mulher. Tão frágil... tão forte. Chora com facilidade e junta os próprios pedaços, obrigando-se a aceitar que a vida, na verdade, nem sempre é justa como a gente quer.

Esse coração é meu, e de quem mais haveria de ser? Se ajusta tão perfeitamente em minhas entranhas, controla tão minunciosamente os meus pensamentos e os meus dias. Esse coração é puro. Mas de vez em quando cai na lama e precisa que algumas lágrimas o lavem. Passa com seu riso frouxo mesmo em meio à melancolia e se obriga a ser doce, ainda que esteja cheio de ira. Um coração imperfeito, que ainda está aprendendo a se cuidar. Anda por entre outros, alguns maravilhosos e outros espinhosos, assustado por não saber ainda destingui-los muito bem. 

O meu coração quer muita coisa. Tem pressa, mas é preguiçoso. Sabe que deve buscar, mas que deve acima de tudo descansar. Afinal, você deve lembrar, ele foi criado. Idealizado e posto em local escolhido, separado. Tem mania de buscar simpatia, sente medo de perdê-la ao se revelar. As vezes se finge de mais fraco, as vezes de mais forte. Mas é como é.

Jamais poderá ser compreendido. Nem pelo mundo, tampouco por si mesmo. O meu coração alegra-se e me faz alegre também. Meu coração tem um dono, mas Ele não vive aqui na Terra. Meu coração as vezes quer ser de outro alguém, se entregar completamente, mas jamais poderá fazê-lo. Deverá aliar-se, derramar-se, amar e amar-se. Mas já foi prometido, comprado, separado. Meu coração pode ser doce ou cruel. Enganoso, utópico, teimoso. Fugaz... eterno. Buscando pelo pra sempre, pois foi moldado pelo Pai da eternidade.

Um coração que só poderia ser meu me foi entregue. Com ele eu sonho, vivo e me movo. Com ele eu sou eu. Brinco com a vida, usando sua humildade, seu brilho, sua essência. E disciplinando-o. Ele quer, ele precisa ser melhor.

Um último tchau


Quando me destes tchau, naquele dia, eu não sabia que seria um adeus. Quando me beijastes aquela noite, de um jeito carinhoso como sempre fazia, eu não poderia saber que seria a última vez. Nunca pensaste como isso pode ter sido injusto? Se eu soubesse, sei lá, talvez houvesse algo a ser feito. Eu ao menos poderia ter te dito o quanto eu sentiria tua falta e ter te pedido, te implorado pra não esquecer dessa última vez, pra lembrar de mim assim, pra lembrar da gente assim: feliz.

Quando eu chorei nos seus braços e falei algumas besteiras com o coração machucado e confuso, eu achei, sinceramente, que essa cena fosse ainda se repetir algumas vezes. Eu não podia esperar, nem sequer imaginar que você fosse simplesmente sair da minha vida. Esse era pra mim um final impossível. Cheguei a imaginar finais bem tristes, mas esse não era cogitado. Nos prometemos demais. E não apenas com palavras. Se alguém me dissesse que assim seria, eu provavelmente riria. Não havia como.

Agora parece que todo mundo te conhecia melhor do que eu. Quando a gente olhou o mar aquela manhã, pela última vez, eu podia jurar que aquilo iria se repetir dezenas de vezes como a gente planejou. Eu não sabia, não sabia que era o fim. Eu podia ter dito algo. Que era importante, algo do tipo. Que era perfeito, ainda que não fosse. Porque certas mentiras se tornam verdades quando alguém gosta de outra tanto quanto eu gostava de você.

Parece que todo mundo podia prever que seria a última vez. Que nos tornariamos estranhos, de um jeito que ia me fazer cair, enquanto você aparentemente continuava em pé sem muito esforço. Exceto nós dois. Se tu amavas-me, que direito tinhas de me abandonar? Se acaso tivesses me dito uma mentira menos doce, não poderia se saciar? Com que propósito quiseste quebrar meu coração que te entreguei? Se não soube amá-lo, bastava me entregar de volta. Não precisava encher os ouvidos de mimo, nem os olhos de brilho. Era só me devolver. Tão simples. Tão fácil.

Difícil é acreditar, é continuar, é saber que era o fim e não o começo. É ver que eu não sabia, mas era a última vez. E não haveria mais eu e você, em nenhum contexto, em nenhuma circunstância. Você iria embora, da pior maneira. Fisicamente presente.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Pare de adiar decisões importantes, pois toma-las custa caro, mas não toma-las custa tudo.