quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Antes da eternidade

Passou tão rápido. Passou tão rápido e carregou tudo pro passado. Passou tão rápido e varreu as dores pra debaixo do tapete. Mas e se eu não estiver pronta? E se eu não estiver pronta pra deixar de ser aquela com os joelhos ralados? Ou aquela com um sonho que parecia difícil demais, e que parecia tão mais difícil do que sonho? Ou aquela com o coração perambulando por aí com alguém? E se eu não estiver pronta pra deixar pra trás aquilo que já foi sepultado? O que você vai fazer, tempo? Será que me arrastará, então, pra sepultura, pra que eu possa fingir viver com aquilo que não tem mais vida? Ou me arrancará de lá e me fará ver que, pelo amor de Deus, eu mal comecei a viver? Me jogará dentre os vivos, os deprimidos e os irritantemente felizes e me fará olhar para aquilo que você ainda não levou de mim? O problema é que passa tão rápido. É um sopro. E tudo é tão efêmero que se torna difícil demais ter uma noção de eternidade. Mas ela chegará. E então, tempo, eu enfim terei te vencido. Serei eu, Ele e nenhuma dor debaixo do tapete. Serei eu, Ele e quem Ele quiser. Serei, enfim, bem mais que um sopro. Terei vencido a ti. Antes disso, porém, preciso vencer a mim mesma. 

terça-feira, 21 de outubro de 2014

No nosso amor não teve começo. Não teve fim. So teve meio. Mas se no meio coube a gente, não coube na gente nenhum meio. Nem meio termo, nem meio jeito, nem meio beijo, nem meio amasso, nem meio desejo. Nem meia palavra, nem meio som, meio gesto, meio verso, meia rima, meia vida, meia boca. No nosso anseio, em meio ao meio, coube um copo cheio de nós dois.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Ternura - Vinícius de Moraes

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Hoje eu olhei nos seus olhos. Há quanto tempo eu não o fazia... E doeu. Sabia que doeu lá bem no fundinho de mim? Provavelmente eu fingi bem, com o sorriso tímido que dei pra você. Aquele que você gostava, que levanta só um cantinho da boca. Achei que seria perfeito pra ocasião. Eu não queria parecer triste, nem tao pouco radiante. Eu só queria parecer eu. Aquela velha eu, sabe? A que você ainda não tinha magoado e a que ainda não te amava nem te odiava. A que era apenas aquela pessoa. Aquela pessoa pra quem se da bom dia primeiro e pra quem se conta os problemas pra que possam rir juntos deles. Sua pessoa.
Era bom te ter como minha pessoa, também. Você parecia ser bom nisso. Melhor que qualquer "minha pessoa" que eu já tinha tido. Talvez você fosse mesmo bom naquilo. Talvez tenha sido minha culpa querer que você fosse mais que essa pessoa. Talvez EU tenha começado a estragar tudo. Você apenas terminou isso pra mim. E em estragar tudo, você também foi melhor do que qualquer outro. Enfim, eu devia ter previsto. Você tem essa mania de querer ser o melhor em tudo. E geralmente consegue.
Certamente, nenhuma minha pessoa deixou de ser minha pessoa e continuou sendo tão minha, tão de longe, tão de perto, tão bem quanto você.

domingo, 31 de agosto de 2014

Marcos 4:35-41

Jesus chama os discípulos para ir ao outro lado. Ele sabia que havia alguém lá precisando Dele. Não é incrível pensar que Deus atravessaria as águas e deixaria para trás uma cidade inteira, só pra ir curar uma pessoa? E que faria isso por mim e por você? Pois é. Esse é Ele. E assim eles fizeram. Subiram no barco e partiram em direção à vontade do Deus vivo e homem. Então uma tempestade começa a se instalar. É incrível como, se pararmos para pensar, a história se repete em nossas vidas. Quando Jesus nos convida a sair de onde estamos, a mudar de rumo e passar para o outro lado, o vento sopra e tenta nos impedir. E, como os discípulos, sentimos medo. Muitas vezes perguntamos a Jesus o mesmo que aqueles homens perguntaram: não te importas que morramos? Não te importas comigo? Não te importas com o que as pessoas fazem contra mim? E então Ele, serenamente, nos mostra que tem o controle de tudo, mesmo quando parece que nada se encaixa. Quando Ele ordena, até o mar e os ventos obedecem. E, mesmo vendo nossa pequena fé, faz com que tudo coopere para nosso bem. E aí eu me lembro que a Bíblia me diz para me alegrar com as adversidades. Afinal, é bom saber que mar calmo nunca fez bom marinheiro. E melhor ainda saber que Jesus está no barco.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Meus (quase) vinte anos

Então, é isso. Tá chegando, de verdade. Não que seja assim tão inacreditável. Todo mundo, com sorte, chega lá. Ainda assim, pra mim, parecia algo distante demais. Sabe, minha mãe sempre diz que parece que foi ontem que ela tinha um bebezinho nos braços. Pequeno, indefeso, totalmente dependente dos outros e nem um pouco incomodado com isso. Eu ainda não carregava marca alguma, além do sinalzinho que eu tinha na testa. Ninguém tinha me machucado, me forçado, me decepcionado, mentido, dito adeus. Eu nem sabia o que era amor, mas, ainda assim, já o tinha. Eu ainda não era eu. Os anos passaram tão rápido que, enquanto eu virava eu, não tive tempo pra notar em breve eu não poderia mais ser pequena, indefesa ou dependente. Aqui estou eu, a beira dos 20. Pareço mais forte, não é? Durmo sozinha. Dirijo. Posso sair sem pedir permissão. Estou na faculdade. Medicina, quem diria. Mas vou te contar um segredo: eu ainda sou a mesma garotinha chorona de quando tinha 15 anos. Talvez um pouco menos assustada e com um punhado a mais de cicatrizes. Mas a mesma. Eu sou eu, agora. E eu sou aquela... Aquela cheia de sonhos, que acredita nas pessoas rápido demais e que gosta de escrever sobre o mundo, sobre a vida e sobre os babacas que conhece e que sempre acha que, dessa vez, será diferente. Que sonha com coisas que um dia se tornarão realidade, com algumas que já são e também com um bocado de outras que nunca serão. Eu cresci. É, cresci mesmo. Cresci por dentro. E por fora, ainda que nem tanto. Jeito de menina, carinha de adolescente e idade que a chama a ser a mulher que ainda vai levar mais alguns tombos até começar a aparecer. Enquanto isso, vou soprar as velinhas ansiosa pra ver ela chegar. Porque de adulta, sinceramente, eu não tenho nada. Ou quase nada.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

De novo

Não. Não vou tentar fazer parecer bonito. Ou normal. Ou aceitável. Simplesmente, é fato: você partiu meu coração. Não, não daquela vez. De novo. Hoje. E ontem, e antes de ontem. E na semana passada, quando me olhou estranho no elevador. Sabe todos os dias de manhã, quando você não me dá bom dia? Pois é. É como se você quebrasse meu coração de novo, a cada vez que faz isso. Sabe quando dá uma louca em você e você decide conversar comigo como se ainda fôssemos aquelas duas pessoas? Então, aí ele se quebra mais ainda, pois me dá uma vontade enorme de saber o que se passa na sua cabeça, e aí eu lembro que nunca vou saber. E também lembro que não somos mais aqueles, e nem nunca mais vamos ser. E você não sabe como eu queria não ter mexido em nossas vidas. Meu coração se parte outra vez quando penso nisso. Ou quando você chega e fala com todo mundo, menos comigo. Ou quando você decide tirar alguma brincadeirinha como se ainda tivéssemos alguma intimidade, quando na verdade, na maior parte do tempo, agimos como estranhos. Ou quando sorri pra mim. Ou quando não sorri. Ou quando pergunta por mim em minha ausência. Ou quando parece nem perceber que eu to ali. Tudo isso parte meu coração. E foi por tudo isso que eu percebi que o problema é muito mais eu do que você. Por que não importa como você age - minha reação é sempre a mesma. O problema é que você não é mais quem era, muito menos quem você era pra mim. E isso quebra meu coração de tantas maneiras que eu não saberia dizer todas elas. Com você, eu me sentia presa, insegura, com medo. E, ainda assim, feliz simplesmente por te ter, mesmo tendo a CERTEZA, não importava quantas vezes você me dissesse que eu estava errada, de que em breve isso iria mudar. Sem você, me sinto livre, leve e tranquila. Então, me diz, porque eu sinto TANTO a sua falta? Tanto que meu coração (e, as vezes, os olhos também) ainda chora. Quando te vê e quando não te vê. Quando te vê feliz e quando te vê triste. Quando você parece me amar, me odiar e quando parece simplesmente não se importar. Você quebra meu coração de novo e de novo, e por isso você não me traz paz. E dizem que, quando não traz paz, é por que não era amor. E que bom, que bom que não era. Imagina só o amor ser assim?

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Serena e desastrada
Sorria em cores
Algumas suaves
Outras hostis

Porque todo dia,
Pensava ela,
Tem que ou vibrante ou sombrio?

Me colore, aquarela da vida
Pinta meu cinza
de azul anil

Mas deixa desbotado
Pra eu não esquecer
Que um dia isso tudo
Se descoloriu

terça-feira, 29 de julho de 2014

Make me cry if you can

Sabe qual o problema? Eu sempre fui mais forte que você. Logo eu, que você achava ser tao frágil. Logo eu, que sempre me achei tão insegura. Eu, que queria achar forças em você. Que achava que era em ti que eu me sustentaria.

Eu levantei e juntei meus pedaços milhões de vezes. Mas você, achando que eu precisava de ti, ia la e pegava o meu coração e quebrava tudo de novo. E aí você chorava. E eu sentia tanta dor ao ver tuas lágrimas, que esquecia as minhas embora elas não parassem de rolar. Então eu me levantava e juntava novamente os meus pedaços, agora todo misturados com os seus. Fazia questão de te devolver cada um deles. Mas você não. Não te parecia tao mal roubar algum pedacinho de mim, ficar pra você ou jogar fora. O problema e que essa nossa brincadeira ficou repetitiva. E, no fim, voce levou pedaços demais. E eu nem sequer tinha os seus pra tentar colocar nos buraquinhos vazios.

O mais engraçado era que eu achava que tava feliz. Mas não era tao fácil assim, sabia? Doía. E toda vez que você fazia algo (ou deixava de fazer), me abalava de uma forma tao estranha que eu só podia pensar que eu era o problema. Mas o meu problema foi esquecer dos meus problemas pra lembrar dos seus. E eu tava levando. Afinal, eu sempre fui mais forte que voce. Mas aí você virou o meu.

É. Quem diria... Um dia eu ia ter que começar a tomar meus pedaços de volta. Alguns nunca voltarão. Ficarão contigo pra sempre. Isso ate podia ter sido o suficiente pra me impedir de fugir. Pena que eu era mais forte que você. E ainda sou. Estou aqui. Me faça chorar, se puder.

sábado, 14 de junho de 2014

O amor cansou de tentar ser compreendido

Ei, voce que não sabe amar. Pare de acusar o amor daquilo que, na verdade, você é. Ei, você que alguém não soube amar. Pare de achar que a dor é culpa do amor... Devia existir uma lei pra o uso dessa palavra. O problema é que, muitas vezes, eu te amo é a mentira que a gente mais gosta de ouvir. Mas o amor é puro e doce, incapaz de tantas atrocidades a ele atribuídas. Seria totalmente inofensivo se não usassem seu poder com tanta imprudência. Algo tão precioso sendo assim, gratuito e universal, é um presente grande demais para nos humanos. Não pode ser compreendido. E enquanto andam por ai o vendendo, implorando e disputando, ele olha tudo isso e ri. Afinal, ele sabe, e no fundo a gente também: o amor esta muito acima disso.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Degraus


Ela tentava. Caminhava buscando a luz. Mas a luz insistia em correr dela. E ela ia mais rápido, mais rápido, mais rápido. Estava sempre cansada, escorrendo amor pelos olhos. Quando iria conseguir? Tantos olhares incompreensíveis a cercavam e a falavam para desistir. Muitos achavam ser inútil, mas ela sabia que não. Em seu coração, sabia que precisava conseguir. Que ia conseguir. Era como uma escada. A cada subia um degrau milimétrico. As palavras de sustento, o sorriso de apoio, a doçura do abraço, a justiça, o amor, o espírito. Cada um deles ia dando um pouco mais de cor ao seu rosto, ainda que ninguém ainda houvesse notado. Se por dentro já era outra, ser por fora não poderia ser tão difícil...

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Nunca tão feliz assim


Eu nunca estive tão feliz. Oro e falo pra Deus oque Ele, mais até do que eu mesma, já sabe. Afinal, Ele é a razão de tudo isso. Eu nunca estive tão feliz. As pessoas podem olhar pra minha vida nos últimos tempos e duvidar disso, mas eu sei. Ele sabe. Eu nunca estive tão feliz. Nunca me senti tão firme assim. O vento sopra contra mim, mas eu estou sobre a rocha. Não queria estar em nenhum outro lugar. A paz... ah, a paz que excede todo o entendimento. Por tanto tempo eu me perguntei onde eu havia a perdido, mas eu a encontrei novamente. No lugar mais óbvio. Eu nunca estive tão feliz. Sabe aquele probleminha, Jesus? Ele não é mais meu, deixei no teu altar. E aquela perda? Obrigada por ela, Jesus. Certamente Tu precisavas da minha mão livre pra me dar algo muito maior. Maior talvez não aos olhos dos homens, mas aos olhos do Espírito. Eu nunca estive tão bem. Sabe aquele não que Tu me dissestes, Deus? Sabe aquilo tudo que eu renunciei por que Tu pedistes, que eu achava que era tão importante? Nunca estive tão feliz como agora que estou longe disso. Nunca enxerguei tão claramente. E sabe o que me deixa mais feliz? É saber que eu ainda não vi nada. Ainda não vi nada da tua glória, ainda tenho infinitamente mais pra aprender de Ti, pra crescer, pra viver contigo. Sabe aquela gente que zomba de mim agora? Pois é, nisso me alegro ainda mais, pois sei que a luz incomoda quem não quer sair das trevas. Eu nunca estive tão feliz. Nunca, nunca, nunca. Nada é melhor do que ver a verdade e se sentir no caminho certo, no centro do plano de Deus. É, Jesus, vale a pena esperar. Mesmo na espera Tu te faz presente de forma sobrenatural. Obrigada. Eu nunca estive tão feliz como sou hoje contigo.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Carta de amor

"Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." (João 8:32)

Senhor Jesus,

Lembro como era minha vida antes de te conhecer verdadeiramente. Fico tão grata por você ter marcado um encontro comigo! Sou muito feliz por você ter se revelado pra mim. Eu não merecia, mas você o fez mesmo assim. Desde então tudo é diferente. 
Algumas vezes, eu perdi o foco. Mas você me lembrou quem você era e também quem eu era em Ti. Sua misericórdia e seu amor são tão grandes que me deixam envergonhada, mas você me diz que não preciso me esconder. Você me aceita como eu sou.
Muita gente já zombou de mim por causa do Teu nome, mas eu não me importei, pois sei a tamanha perseguição que Tu sofrestes aqui na Terra. Ainda bem que você viveu antes de mim, Jesus. Tudo é tão mais fácil agora que posso lembrar do Teu exemplo... Tudo é tão mais leve agora que sei que Tu pagastes o preço! Meu coração quase pula de alegria em saber que todo aquele sacrifício foi por mim e pelos meus irmãos.
As vezes eu te envergonho com minhas atitudes erradas diante da tão grande nuvem de testemunhos que me cercam. Sou profundamente arrependida por todas as vezes que eu sabia que estava fazendo isso e, ainda assim, continuei. Muito obrigada por ter me perdoado. Eu sou mil vezes mais feliz agora. Tu fazes tudo comigo. E quando eu erro, logo me mostras e me repreende, com aquele jeitinho só meu e seu. Mas quando eu choro, tu sorris e me dizes que tudo ficará bem.
Eu queria que todo mundo pudesse passar o dia com você, assim como eu. Me desculpa por ser tão mal educada e não te apresentar pra todo mundo que ainda não te conhece, enquanto você está lá, ao meu lado, esperando eu conversar com eles. Me desculpa também se já passei uma imagem errada de Ti. Quanta gente acha que sabe quem Tu és, Jesus, mas continua presa. Tua verdade liberta de um jeito tão profundo. Obrigada por me dar minha carta de alforria. Sou livre agora pra ir aonde quer que Tu queiras.
Perdão pelos meus dogmas e estereótipos religiosos. Tu estás além de toda minha compreensão. Sei que ainda irás curar minha cegueira, mostrando mais um pouquinho da tua imensidão a cada dia, até o momento em que finalmente seremos eu e você na eternidade.
Por favor, continua sendo meu melhor amigo e indo comigo pra faculdade, pra rua, pra minha casa, pra Sua casa, pra o carro, pra todo lugar, inclusive pra os meus sonhos. Eu te amo mais do que tudo.

Jade.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Palavras


Escutava sua voz naquela tarde. Como ela me era familiar. Parecia que estávamos conversando a muito tempo, mas na verdade eram só alguns minutos, que acabaram se prolongando por horas. Eu nem sabia que eu ainda podia me sentir daquele jeito com apenas um punhado de palavras banais a respeito das nossas vidinhas não tão interessantes. Mas era um encaixe. Eu precisava de uma vez. Eu estava tão só, e voce me deu aquilo. Uma melodia lenta, leve e viciante, daquelas que a gente escuta umas quinze vezes antes de pegar no sono.

Eu não queria dizer tchau. Escureceu e eu me despedi antes que você o fizesse, porque ia ser ruim de ouvir. Fui pra casa tentando não pensar muito, mas em pouco tempo eu percebi que tinha guardado aquelas palavras na minha memória, e elas queriam bagunçar tudo o mais que havia dentro dela. Mas eu não admiti pra ninguém. Nem pra mim. Eu já tinha sofrido demais, não podia ser boba a esse ponto e me entregar assim tão fácil. Era só uma conversa... Longa, mas uma conversa. Engraçada, mas só uma conversa. 

Deitei torcendo pra sonhar com você, mas não foi daquela vez. Abri os olhos e, então, pensei: talvez você finalmente tivesse sido feito pra ser meu sonho acordado. 

domingo, 13 de abril de 2014

Pra sempre

Talvez você nem lembre... mas eu estava com você pra sempre. Talvez você nem entendesse o que você mesmo dizia, mas era pra sempre. Por que eu não sei. O sentimento não era tão grande, o tempo não era o bastante. As nossas vidas? Ah, elas eram tão diferentes. Mas acho que o amor é uma daquelas coisas que a gente nem se esforça muito pra entender.

E quando o pra sempre vira nada? O caminho todo fica turvo, e eu só me pergunto: meu Deus, pra onde eu vou agora? Pra onde eu vou agora que eu não vou mais pra onde ele for? As mudanças tem sido fáceis de enfrentar, mas eu me sinto perdida, confusa. Eu não precisava ter saído de onde eu estava, eu estava bem... porque você me tirou de lá? Por que você me tirou do meu mundinho e me jogou no seu assim tão irresponsavelmente, se não cumpriu uma só palavra das quais dizia, e nas quais eu acreditava com meu coração ingênuo? 

No fim, eu te agradeço por todas as verdades e por todas as mentiras que foram doces de escutar. Eu queria poder te dizer algo mais bonito, mas não seria sincero. Você me apresentou uma partezinha mais dura do meu coração. Obrigada por isso, também. Eu sou mais forte agora, embora você afirme se sentir mais fraco. Eu sei exatamente quem eu sou. E vou ser pra sempre. Por que o nosso pra sempre nunca existiu, mas o meu... o meu chega aos pouquinhos e me lembra o quanto eu tenho pra seguir.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Seguir em frente


"Estou apenas seguindo em frente", ele repetiu. Mais uma vez, como se eu ainda precisasse ouvir. Falava com convicção, mas era inútil. Talvez enganasse a si mesmo, mas a mim? Não, a mim não. Eu o conhecia. E ainda que não o conhecesse, era claro. Quem realmente está seguindo em frente, não se preocupa em dizer isso pra ninguém. 

Quem quer seguir, apenas segue. Quem não quer, fica preso. O passado vira o presente que nunca existiu. "Estou apenas seguindo em frente"... Apenas? Se ao menos tivesse tentado, veria quão grande coisa é de fato seguir. Olhar pra trás nos faz tropeçar nas pedrinhas que não estamos enxergando bem na nossa frente. Mas seguir... seguir é viver. O resto não passa de sobrevivência.

Sem saber disso, ele olhou pra mim e disse o que queria que fosse real. Não seguiu em frente. Em seus lábios, porém, já havia alcançado o outro lado do mundo. Pena que qualquer um podia ver que estava no mesmo lugar. As lembranças em seus olhos, as visões na memória. 

Eu me mantive em silêncio, engoli as lágrimas e fiz calos nos pés. Mas eu segui. Ah, meu amor, eu estava seguindo em frente... ocupada demais para te avisar. 

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Paz


Por essa paz que eu não sentia há tanto tempo, Senhor, obrigada. Pelo mover das águas e pelo céu claro, pelo sentar na varanda, pela brisa nos meus cabelos. Obrigada, Senhor. Tu resgatastes o que há de melhor em mim. Tu me ensinastes a viver de uma maneira tão pura e, por mais que parecesse impossível, agora está tão fácil! Obrigada, Senhor. Pelas pessoas que Tu tens colocado em minha vida, como um presente lindo e gratuito. Pelos últimos dias - calmos, simples e tão maravilhosos. Obrigada. Pela Tua casa. Pela minha casa. Meus lugares de aconchego e luz. Obrigada por Tua repreensão, pela disciplina que cobras de mim, como todo pai zeloso faz com seus filhinhos. Obrigada pelo amor. Ah, o amor... eu quero ele. Mais e mais e mais. Eu quero receber, quero dar, quero SER amor. Porque é o que Jesus quer que eu seja. Amor em todas as formas: sentimento, decisão, atitude. Amor de Deus. Amor de humano... Obrigada, Senhor, pelo amor e pelas pessoas que Tu me destes para amar. Obrigada porque Tu me amastes primeiro. Obrigada pois o meu coração se sente aquecido e radiante diante de Ti, se sente pronto para fazer o que deve. Se sente pronto para orar pelos que me perseguem, pronto para perdoar, para amar de novo, para sentir muito mais. Pronto para receber um coração de Deus. Mas antes de receber a pessoa de Deus pra mim, ser a pessoa de Deus para alguém. Ter o coração de Deus para alguém. Coração para ser, em tudo, submisso à Tua vontade. Ser grato pelos dias nos quais pulsa, grato pelo amanhecer, grato por ser Teu. Coração de verdade. Coração em paz.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Está lá

Estava lá. Escondido em algum lugar por trás da dobra suave dos seus sorrisos e dos olhos encharcados de lágrimas. Estava lá. Como um gigante invisível que anda a passos curtos e na pontinha dos pés, torcendo para passar desapercebido. Mas não seria possível. Não por muito tempo. Por que de alguma forma ela sabia: ele estava lá. Certamente uma hora viria a escorrer por entre as palavras ou em um gesto mal calculado. 

O amor estava lá. Guardado em um coração que se vestia com dureza, que fugia dos perigos. Mas era inútil. Ela já estava vulnerável. Amava. E isso era o bastante. O bastante para derrubar todos os muros que havia construído com suor, para desmascarar as mentirinhas que contava achando que não fariam mal a ninguém. O amor estava lá. Isso a assustava. A deixava desprotegida. Era uma verdade velada, enterrada em suas entranhas. Ninguém precisava saber. O amor estava bem escondido no cantinho mais escuro da sala de seus pensamentos. 

De uma forma ou de outra, ele estava lá. Sendo suprimido pela dor que um dia estivera ao seu lado e que, ao ir embora, esqueceu de limpar a bagunça que tinha feito. E ele era o seu maior segredo. Mulher forte? Só para o lado de fora. Solitária, assumidamente. Assim era melhor. Assim seria seguro. Ninguém mais haveria de enxergar o que um dia era escancarado: ela era uma menina assustada. Tudo isso porque ele estava lá. "Amor, vá embora.", repetia. Nunca adiantava. Ele ficava. E cada vez que ela tentava o expulsar, ele se escondia em um lugar mais difícil de desvendar.

O seu esconderijo ainda não foi descoberto. Mas ele está lá. Escondido e cada vez maior. Ele já passou da idade de ser mais maduro, mas prefere ser criança. Brincar de esconde-esconde pode ser cansativo para um adulto. Mas ele não cansa. Se esconde nas vestes, no riso, no olhar opaco, no som doce da voz. Ele é tudo nela. Mas, ainda assim, vive despretensiosamente, fingindo não ser nada.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Deus, olha por mim. Olha através de mim.

Se eu não conseguir mais olhar p ti, vou pedir a Deus para olhar por você. Se a gente não se olhar mais, vou pedir a Deus para olhar por nós. Com olhar misericordioso e doce. Com amor. Com verdade. Como quando um bebê olha a sua mãe. Como a pureza se revela. Como Ele quer que olhemos um para o outro.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Nosso único sim


Olhavámos as estrelas e elas nos lembraram: tínhamos muito mais a perder do que a ganhar. E mesmo assim continuamos. Estávamos confortáveis naquele abraço. Duas mãos, dois lábios, dois corpos... Implorando um pelo outro. E duas almas um tanto perdidas e assustadas. Deus me lembrava o tempo todo que o certo é sempre o certo. Mas eu confundia meus sentimentos com a verdade. O mundo dizia não, mas eu segurava sua mão com força e te ouvia repetir: sim, sim, sim. Era uma prisão, mas eu imaginava estar livre. Todo o resto via que não. Dizia que não. Conspirava pelo não. Mas parecia ser a gente sempre contra todo mundo, o que de certa forma parecia ser motivador. Era bom te ouvir dizer que ia ser sempre por mim. Era bom achar que todos estavam errados. Que ninguém era como nós dois, como você costumava dizer. E eu concordava: ninguém. Nunca. Em lugar nenhum.

sábado, 4 de janeiro de 2014

O coração que chamo de meu

Eis que é um coração assim: novo, mas com cicatrizes. Algumas feridas abertas. Outras sumidas, como se jamais tivessem existido. Brilhante. Grande? Do tamanho que deve ser. Insensato, por vezes. Carente e vívido, ávido por amor. E fala dele tanto quanto o sente. Insistente. Ainda é em parte criança, imaturo, medroso, inocente. Mas caminha em passos largos para tentar acompanhar a menina que mais rápido do que pensa se torna mulher. Tão frágil... tão forte. Chora com facilidade e junta os próprios pedaços, obrigando-se a aceitar que a vida, na verdade, nem sempre é justa como a gente quer.

Esse coração é meu, e de quem mais haveria de ser? Se ajusta tão perfeitamente em minhas entranhas, controla tão minunciosamente os meus pensamentos e os meus dias. Esse coração é puro. Mas de vez em quando cai na lama e precisa que algumas lágrimas o lavem. Passa com seu riso frouxo mesmo em meio à melancolia e se obriga a ser doce, ainda que esteja cheio de ira. Um coração imperfeito, que ainda está aprendendo a se cuidar. Anda por entre outros, alguns maravilhosos e outros espinhosos, assustado por não saber ainda destingui-los muito bem. 

O meu coração quer muita coisa. Tem pressa, mas é preguiçoso. Sabe que deve buscar, mas que deve acima de tudo descansar. Afinal, você deve lembrar, ele foi criado. Idealizado e posto em local escolhido, separado. Tem mania de buscar simpatia, sente medo de perdê-la ao se revelar. As vezes se finge de mais fraco, as vezes de mais forte. Mas é como é.

Jamais poderá ser compreendido. Nem pelo mundo, tampouco por si mesmo. O meu coração alegra-se e me faz alegre também. Meu coração tem um dono, mas Ele não vive aqui na Terra. Meu coração as vezes quer ser de outro alguém, se entregar completamente, mas jamais poderá fazê-lo. Deverá aliar-se, derramar-se, amar e amar-se. Mas já foi prometido, comprado, separado. Meu coração pode ser doce ou cruel. Enganoso, utópico, teimoso. Fugaz... eterno. Buscando pelo pra sempre, pois foi moldado pelo Pai da eternidade.

Um coração que só poderia ser meu me foi entregue. Com ele eu sonho, vivo e me movo. Com ele eu sou eu. Brinco com a vida, usando sua humildade, seu brilho, sua essência. E disciplinando-o. Ele quer, ele precisa ser melhor.

Um último tchau


Quando me destes tchau, naquele dia, eu não sabia que seria um adeus. Quando me beijastes aquela noite, de um jeito carinhoso como sempre fazia, eu não poderia saber que seria a última vez. Nunca pensaste como isso pode ter sido injusto? Se eu soubesse, sei lá, talvez houvesse algo a ser feito. Eu ao menos poderia ter te dito o quanto eu sentiria tua falta e ter te pedido, te implorado pra não esquecer dessa última vez, pra lembrar de mim assim, pra lembrar da gente assim: feliz.

Quando eu chorei nos seus braços e falei algumas besteiras com o coração machucado e confuso, eu achei, sinceramente, que essa cena fosse ainda se repetir algumas vezes. Eu não podia esperar, nem sequer imaginar que você fosse simplesmente sair da minha vida. Esse era pra mim um final impossível. Cheguei a imaginar finais bem tristes, mas esse não era cogitado. Nos prometemos demais. E não apenas com palavras. Se alguém me dissesse que assim seria, eu provavelmente riria. Não havia como.

Agora parece que todo mundo te conhecia melhor do que eu. Quando a gente olhou o mar aquela manhã, pela última vez, eu podia jurar que aquilo iria se repetir dezenas de vezes como a gente planejou. Eu não sabia, não sabia que era o fim. Eu podia ter dito algo. Que era importante, algo do tipo. Que era perfeito, ainda que não fosse. Porque certas mentiras se tornam verdades quando alguém gosta de outra tanto quanto eu gostava de você.

Parece que todo mundo podia prever que seria a última vez. Que nos tornariamos estranhos, de um jeito que ia me fazer cair, enquanto você aparentemente continuava em pé sem muito esforço. Exceto nós dois. Se tu amavas-me, que direito tinhas de me abandonar? Se acaso tivesses me dito uma mentira menos doce, não poderia se saciar? Com que propósito quiseste quebrar meu coração que te entreguei? Se não soube amá-lo, bastava me entregar de volta. Não precisava encher os ouvidos de mimo, nem os olhos de brilho. Era só me devolver. Tão simples. Tão fácil.

Difícil é acreditar, é continuar, é saber que era o fim e não o começo. É ver que eu não sabia, mas era a última vez. E não haveria mais eu e você, em nenhum contexto, em nenhuma circunstância. Você iria embora, da pior maneira. Fisicamente presente.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Pare de adiar decisões importantes, pois toma-las custa caro, mas não toma-las custa tudo.