quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Meus (quase) vinte anos

Então, é isso. Tá chegando, de verdade. Não que seja assim tão inacreditável. Todo mundo, com sorte, chega lá. Ainda assim, pra mim, parecia algo distante demais. Sabe, minha mãe sempre diz que parece que foi ontem que ela tinha um bebezinho nos braços. Pequeno, indefeso, totalmente dependente dos outros e nem um pouco incomodado com isso. Eu ainda não carregava marca alguma, além do sinalzinho que eu tinha na testa. Ninguém tinha me machucado, me forçado, me decepcionado, mentido, dito adeus. Eu nem sabia o que era amor, mas, ainda assim, já o tinha. Eu ainda não era eu. Os anos passaram tão rápido que, enquanto eu virava eu, não tive tempo pra notar em breve eu não poderia mais ser pequena, indefesa ou dependente. Aqui estou eu, a beira dos 20. Pareço mais forte, não é? Durmo sozinha. Dirijo. Posso sair sem pedir permissão. Estou na faculdade. Medicina, quem diria. Mas vou te contar um segredo: eu ainda sou a mesma garotinha chorona de quando tinha 15 anos. Talvez um pouco menos assustada e com um punhado a mais de cicatrizes. Mas a mesma. Eu sou eu, agora. E eu sou aquela... Aquela cheia de sonhos, que acredita nas pessoas rápido demais e que gosta de escrever sobre o mundo, sobre a vida e sobre os babacas que conhece e que sempre acha que, dessa vez, será diferente. Que sonha com coisas que um dia se tornarão realidade, com algumas que já são e também com um bocado de outras que nunca serão. Eu cresci. É, cresci mesmo. Cresci por dentro. E por fora, ainda que nem tanto. Jeito de menina, carinha de adolescente e idade que a chama a ser a mulher que ainda vai levar mais alguns tombos até começar a aparecer. Enquanto isso, vou soprar as velinhas ansiosa pra ver ela chegar. Porque de adulta, sinceramente, eu não tenho nada. Ou quase nada.

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