quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Liberdade, gaivotas e suco de laranja


"Tudo posso, mas nem tudo me convém..."

Tem dias que tudo que eu queria era sair correndo até não aguentar mais, ir pra bem longe onde ninguém possa me achar. Depois, penso melhor e vejo que não poderia sentir paz ao me ver sozinha. Em outros, sinto vontade só de tomar um suco de laranja na varanda e ficar olhando o céu, paradinha, na minha. Mas aí sempre tem algo ou alguém para me interromper. E meu suco de laranja, tão docinho, acaba.

Eu quero ser livre. Acho que todo mundo quer. Mas é difícil entender essa tal de liberdade. Sempre tem algo que me faz sentir aprisionada, nem que sejam meus próprios pensamentos. Vai ver que essa tal liberdade, como as pessoas pensam que é, nem exista. Talvez ela seja outra coisa bem maior e que as pessoas não enxergam. Talvez seja algo concerto, ou talvez seja só um estado de espírito. Quando penso sobre isso, vejo que ainda estou longe de compreender. Eu tenho uma fé dentro de mim que me faz sentir liberta, mesmo que eu nem saiba direito o que isso significa.

Se eu tivesse que citar uma imagem, um simbolo, um ser que me remeta liberdade, sem dúvidas falaria das gaivotas. Acho que já deu pra perceber que amo gaivotas. Além de achá-las lindas, sinto até uma pontinha de inveja ao vê-las voar, tão livres, tão leves, mas ao mesmo tempo sempre em bando, sempre juntas. Vão a todo lado, mas nunca sozinhas. Quem dera poder voar por toda parte, sentir a brisa tocar minhas asas, mergulhar nas nuvens e sentir o sol sob a pelagem, sabendo que ao meu redor estariam sempre os meus semelhantes, desbravando junto comigo o mundo inteiro.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Sobre pessoas que amam oque fazem

Uma frase que é um tanto senso comum, mas não deixa de ser uma grande verdade, é que deve ser maravilhoso trabalhar com oque gosta. Todo mundo está cansado de ouvir isso, mas muitos ainda não pararam realmente pra pensar a respeito.

Escuto um montão de gente reclamando do trabalho. Meu pai, os vizinhos, professores... eles ficam mal não por que o trabalho vai mal, mas por que só queriam uma oportunidade pra larga-lo. Trabalhar por dinheiro me parece ser muito desgastante, afinal, meu sonho nunca foi ganhar na mega sena, e sim ser feliz e realizada.

Tudo isso me faz pensar muito a respeito do meu curso. Médicos sempre foram os profissionais que eu mais admirei, mais prezei. Desde criança adoro meu pediatra, minha dermatologista é um amor e costumo prolongar as consultas, porque gosto de perguntar. Mas será que esse respeito e admiração são suficientes pra tomar a medicina como MINHA profissão? Eu quero realmente gostar de ir pro trabalho, sair de casa satisfeita. No meu tempo livre, eu não quero me sentir aliviada por passar longe de qualquer coisa relacionada ao meu emprego. Quero gostar de ler a respeito, adorar pesquisar e me aprimorar, ser muito interessada e apaixonada pelo que eu fizer.

Se eu tivesse todo dinheiro do mundo, será que eu continuaria indo ao meu consultório? Essa pergunta me intriga muito. Eu amo escrever no meu tempo livre, mas sempre escutei como é difícil ganhar a vida sendo escritor. Jornalismo sempre me chamou a atenção, mas medicina parecia tão mais concreto, mais certo. Será que no futuro vou me ouvir repetindo que minha paixão maior é mesmo escrever, e que a deixei de lado por achar difícil torna-a rentável? Tenho muito medo disso. Me vejo como médica, mas escrever é algo que sai naturalmente. Nem ia parecer um trabalho, uma obrigação. É realmente um interesse.

Eu sei que sempre vou escrever, mesmo que só pra mim, mesmo que eu ganhe muito dinheiro, mesmo que ninguém vá ler. Mas não sei se vou sempre amar levantar de manhã pra ir ao hospital, independente da situação. Ajudar as pessoas sempre foi minha inclinação, minha vontade, meu objetivo... Espero que isso prevaleça e me faça amar meu curso e minha profissão.

As pessoas que deixam o sonho de lado por dinheiro nunca devem ter pensando que, difícil mesmo, é subir na vida fazendo oque não gosta. Afinal, quando se ama o trabalho, logo surgem mil ideias para aprimora-lo. Porque as pessoas que amam oque fazem são animadas e eufóricas. E é isso que as torna tão apaixonantes.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Eu, ao avesso

Então os anos passam, e aquilo que tanto me fez chorar já não tem mais importância. Pessoas viram apenas lembranças, outras surgem aparentemente do nada. O que era divertidíssimo agora não tem mais tanta graça. Algumas páginas da minha vida eu preferi rasgar e jogar fora. Outras, mesmo incômodas, permanecem ali, me lembrando que eu sou humana e erro sim, erro muito. A euforia dos aniversários não é mais a mesma. As brincadeiras no colégio, o esconde esconde, a inocência... engraçado, tudo parece tão distante. Aquele sonho que eu tinha agora é só mais um resquício da infância. Aquele carinha que eu achava perfeito era só mais um babaca. As poucas certezas que eu tinha vão aos poucos indo embora. Ter que me misturar me assusta agora bem mais que o escuro do meu antigo quarto. As pessoas não parecem mais tão legais assim. A realidade já não é tão colorida. "Bem vinda ao mundo", escuto Deus sussurrar no meu ouvido. Eu virei ao avesso, e talvez seja esse o meu verdadeiro lado.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Essa tristeza sem motivo...

Posso sentir ela chegando devagarzinho. A vontade de fazer qualquer coisa vai embora, me sinto fraca, inerte. Choro. Eu esperei tanto pra chegar nesse momento da minha vida, porque estou me sentindo tão mal? Imaginei que seria tudo perfeitinho. Talvez seja só algo passageiro, besteira da minha cabeça complicada. Tudo vai melhorar. Mesmo que seja só dentro de mim.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Por ser tão simples, chegava a ser complicada


Tudo que precisava era de um pouco de paz. De menos pessoas exigindo mais do que podia fazer. Um dia a sós com seus pensamentos, seus medos, seus desejos. Queria não precisar provar nada pra ninguém. Estava cansada dessa ladainha de que ela tinha que estar sempre correndo atras, querendo mais, mais, mais... Estava satisfeita com o que tinha. Na verdade, o que tinha pouco a importava. Estava muito satisfeita com quem ela era. Não se via fazendo coisa alguma a não ser sendo ela mesma. Não queria um emprego com melhor remuneração, aquele a realizava e pagava suas dívidas. Era sempre pressionada a pensar no futuro, fazer economias, construir uma família... mas todas essas ideias a entediavam sobremaneira. Não queria ter filhos. Não apenas rejeitava a ideia, simplesmente não teria de jeito nenhum. Um casamento aquela altura parecia inviável, fato que jamais parecia incomoda-la. Quando era questionada a respeito dos seus planos, era vaga. Dizia apenas querer ser feliz. Viajar, ao contrário do que muitos achavam, também não estava entre suas pretenções. Achava muito clichê, para dizer o mínimo. Seria apenas uma fulga da realidade, uma hora teria de voltar ou viver vagando por ai, sem ter um lugar pra chamar de seu. Se passasse o resto da sua vida ali, no seu cantinho, sentindo a brisa com um jornal e um computador a tiracolo, escrevendo e tomando café, estaria perfeitamente satisfeita. As pessoas costumavam a chamar de complicada. Era apenas incompreendida, diferente, única. O que a maioria não enxergava era que, na verdade, ela tinha a simplicidade como maior característica e desejo, vivendo despretenciosamente como a única forma de ser feliz.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Recomeço. Reencontro. Reencanto. Renascer. Reviver. Deus me chamou de novo. Ele me restaurou. Ele me fez melhor. Me fez mais forte. Me faz viver.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A que distância você está de Deus?

Nos últimos dias tive a oportunidade de tirar um tempo só pra mim e pra Deus e referir muito sobre meu relacionamento com Ele. Vivenciar pessoas tendo as vidas transformadas e o coração tocado, revelando dons e se alegrando na presença de Deus é único. Mais vale um dia na presença do Senhor que a vida toda longe Dele. Eu, em algum momento que não lembro qual, escutei uma pregação que me marcou muito. O pastor começou perguntando: Se você pudesse assistir sua vida como um filme, você teria orgulho de ser o protagonista? Você o assistiria na frente dos seus familiares e amigos, ou iria querer cortar algumas cenas? Essa pergunta tocou meu coração muito fundo, e sempre me faz refletir. Não consigo entender como as pessoas conseguem engolir a ideia que Deus nos criou para estarmos nas ruas nos embriagando, drogando, adulterando... Se deixam enganar por falsos consolos e não vêem que na verdade se afundam mais e mais. Quantos ídolos colocamos entre nós e o Senhor, tais como dinheiro, soberba, orgulho... Quero estar perto de ti, Jesus, pois tua palavra diz que o fardo é leve aos teus pes.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Sorriso


"E apesar de tudo tente sorrir, sorrir, sorrir..."

Cansada de ficar triste, de chorar de medo, de saudade, de insegurança... Resolvi aprender a botar minha fé mais em prática em cada momento. Há tantos motivos pra agradecer, não é mesmo? Observo as pessoas e vejo que de alguma forma tenho sorte de ser sensível. Pessoas frias geralmente escondem um coração duro, e não é assim que eu quero ser, ainda que isso me renda algumas lágrimas. Vou manter sempre um sorriso no rosto lembrando que, não importa oque aconteça, eu mereço ser feliz. E é assim que Deus quer me ver.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Maria

Maria saia de casa todos os dias às seis da manhã, antes de percorrer um longo caminho a pé para chegar ao trabalho. Trabalhou durante vinte anos na mesma indústria, por volta dos anos 50 aos 70, até que teve sua função substituída pelo maquinário.
Durante todos esses anos, Maria cumpriu sua rotina religiosamente. Deixava os filhos com a avó e jamais permitiu que lhes faltasse comida, ainda que isso custasse todo seu tempo e esforço. Depois que perdeu o emprego, passou a fazer artesanato, atividade que a ocupou até a velhice.
Embora muito carente e sem estudo, era uma mulher sabia, daquelas que carrega consigo toda a experiência e os ensinamentos que a vida oferece. Sempre que a encontrava, gostava de ouvir todas as histórias que contava, algumas sobre si mesma, outras que inventava na hora. Falava sobre a vida, amores e fé sempre com seu jeito bem humorado, que nos rendia várias risadas.
Da última vez que a vi lúcida, com uns 84 anos, estava cuidando dos netos. As marcas no seu rosto e mãos mostravam os estragos que o tempo e a vida haviam lhe causado. Seu sorriso, vindo da boca quase sem dentes, continuava firme. Me disse que estava feliz, embora cansada. Costumava dizer que eu precisava ser mais paciente, que o melhor ainda viria. Eu, vendo a velhice se aproximar, não conseguia pensar da mesma forma, mas apenas fazia que sim com a cabeça, para evitar que fosse contrariada.
A morte foi generosa com Maria: tardia, silenciosa, indolor. Morreu de velhice, dentro de casa. Costumava dizer que não tinha medo de morrer, que seria um descanso. Sabia pra onde ia. Havia plantado dignidade durante toda a vida. Dentre tantas dificuldades, dizia que a recompensa viria no final. E tenho certeza que foi o que ocorreu. Eu devia ser a única amiga de dona Maria, assim como ela também era a minha única amiga. Sinto falta de sua companhia, mas sei que hoje ela olha por mim, sorrindo e dizendo: não tenha pressa, querida. Em breve verás que tudo valeu a pena.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Difícil de calar quando o coração quer falar

Me abraça, Paizinho. Me abraça porque tá doendo muito. Tá doendo aqui dentro. Enxuga minhas lágrimas, Senhor. Só tu me conheces melhor que eu mesma e sabe exatamente o que eu sinto. Me segura. Eu estou tão cansada de sentir o gosto salgado das lágrimas na minha boca. Sinto falta do gosto doce da infância. Sinto falta do sabor gostoso de me sentir completa, inteira, plena. Não é fácil conviver com meus defeitos e com tudo que acontece. Obrigada pelas bênçãos, meu Senhor. Mas sinto um buraco enorme. Preenche com teu amor. Só ele pode me encher de vida de novo.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Entrelinhas

"Já que se há de escrever, pelo menos não esmaguem com palavras as entrelinhas." 

Enquanto estou deitada na cama mil pensamentos soltos começam a vir na minha cabeça, tantos que não consigo botar em palavras. Por mais que eu tente, há muito sentimento dentro de mim pra esmagar descrevendo. Me vejo tentando explicar o amor, a fé, o medo... Tentando compreender a mim mesma. Mas é nas entrelinhas que eu me encontro. Nas entrelinhas que está tudo aquilo que não da pra ler, ver, palpar. Apenas sentir.