domingo, 17 de fevereiro de 2013

Por ser tão simples, chegava a ser complicada


Tudo que precisava era de um pouco de paz. De menos pessoas exigindo mais do que podia fazer. Um dia a sós com seus pensamentos, seus medos, seus desejos. Queria não precisar provar nada pra ninguém. Estava cansada dessa ladainha de que ela tinha que estar sempre correndo atras, querendo mais, mais, mais... Estava satisfeita com o que tinha. Na verdade, o que tinha pouco a importava. Estava muito satisfeita com quem ela era. Não se via fazendo coisa alguma a não ser sendo ela mesma. Não queria um emprego com melhor remuneração, aquele a realizava e pagava suas dívidas. Era sempre pressionada a pensar no futuro, fazer economias, construir uma família... mas todas essas ideias a entediavam sobremaneira. Não queria ter filhos. Não apenas rejeitava a ideia, simplesmente não teria de jeito nenhum. Um casamento aquela altura parecia inviável, fato que jamais parecia incomoda-la. Quando era questionada a respeito dos seus planos, era vaga. Dizia apenas querer ser feliz. Viajar, ao contrário do que muitos achavam, também não estava entre suas pretenções. Achava muito clichê, para dizer o mínimo. Seria apenas uma fulga da realidade, uma hora teria de voltar ou viver vagando por ai, sem ter um lugar pra chamar de seu. Se passasse o resto da sua vida ali, no seu cantinho, sentindo a brisa com um jornal e um computador a tiracolo, escrevendo e tomando café, estaria perfeitamente satisfeita. As pessoas costumavam a chamar de complicada. Era apenas incompreendida, diferente, única. O que a maioria não enxergava era que, na verdade, ela tinha a simplicidade como maior característica e desejo, vivendo despretenciosamente como a única forma de ser feliz.

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