segunda-feira, 17 de junho de 2013

Meu pensamento hoje não está ocupado com as revoltas do povo brasileiro. Nem com ele. Nem comigo. Nem com anatomia. O que não sai da minha cabeça é olhar daquela criança que perdeu a mãe. Um misto de dor e de dúvida, um jeito de quem está confuso. Por que estão todos a minha volta, com pena de mim? Por que minha mãe foi pro céu, se ontem ela estava bem, estava do meu lado, penteando os cabelos da minha irmã? Eu não sabia o que falar diante das perguntas que ele fazia usando apenas um olhar. Palavras, hoje, foram poucas. Perdidas... A morte me calou. Calou todo mundo. A gente sabe que vai ter que lidar com ela, mas nunca se acostuma com a ideia. É por esse menino, hoje, que eu torço pra que o gigante acorde, pra que as pessoas lutem e o país mude. É por ele, que não tem perspectiva de futuro. Que não tinha pai e agora não tem mãe, apenas 5 irmãos que, assim como ele, não sabem mais quem os vai acolher. E eu não posso mudar isso. Não sozinha. Eu posso estar lá e pegar na mão dele, dizer pra ser forte. Mas ele já teve que nascer forte. Porque a infância que eu conheci ele não conhece. Porque cama pra dormir é o luxo maior do qual ele pode desfrutar. Porque ele está triste. E não tem quem tire da minha cabeça que criança foi feita pra ser feliz.

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