segunda-feira, 8 de abril de 2013

Amanhecer

Abriu os olhos e sentiu o amanhecer aguçar os seus sentidos. O aroma da manhã era cítrico, mas ao mesmo tempo levemente adocicado, de um modo que a fez lembrar de seu próprio perfume. Sentiu-se encaixada no contexto perfeito. Que mais podia querer que uma manhã de sábado, com céu claro, cheirinho bom e uma mente vazia, ainda meio adormecida? Levantou lentamente, como quem não tem nada para fazer, em detrimento das tarefas que teria que cumprir antes da segunda-feira. Foi até a janela e olhou a rua, ainda quase vazia, com pouquíssimos carros passando para quebrar o silêncio. Imaginou as pessoas em suas casas, ainda dormindo ou acordando apressadas, preocupadas com os filhos, a casa e o emprego, alheias ao espetáculo do novo dia. Correria, trânsito, confusão, indiferença... tudo isso veio à sua mente, que em alguns minutos se encheu, deixando seus sentidos menos interessados, seu olhar mais vazio. Era como se o cotidiano arrancasse aos poucos a vida de dentro dela. Resolveu voltar para cama e voltar a dormir. Quem sabe assim conseguiria sonhar? Afinal, nos sonhos, toda manhã pode ser uma manhã de sábado: essas com amanhecer claro e perfumado, que trazem o brilho para o os olhos e a vida de volta pra ela.

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