quarta-feira, 10 de abril de 2013

Escrever: sentir, transbordar, libertar.


Redação sempre foi minha matéria favorita. Nas aulas da escola, eu ficava empolgada para o dia que nos mandavam escrever, geralmente uma ou duas vezes por mês. Lembro da minha ansiedade para saber o tema e construir o texto, tijolo por tijolo, palavra por palavra. Também adorava quando a professora corrigia. Era como se, enquanto avaliava aquilo que eu escrevi, ela estivesse reservando um tempinho só pra mim, para adentrar meus pensamentos, ler minhas linhas e entrelinhas e se transportar para o meu mundinho particular.

A única coisa que me incomodava era não me sentir livre pra escrever da forma que eu via o mundo e o carregava dentro de mim. Eu estava presa à todas aquelas regras, normas, parágrafos, estruturas... Eu não gostava da seriedade daquilo tudo. Escrever, pra mim, tem muito mais a ver com sentimento do que com razão. Bom mesmo é colocar no papel o que der na telha. Algumas vezes rimar, outras deixar tudo solto. Um dia fazer tudo certinho, com princípio, meio e fim, e no outro deixar tudo embaralhado. Afinal, quem disse que as coisas ocorrem sempre do mesmo jeito? Por que não começar pelo fim, voltar pra o início e depois contar os meados disso tudo? A delícia de escrever é isso! Poder transbordar aquilo que há dentro de nós: a organização, a verdade, mas também a bagunça, a loucura e tudo mais que houver.


 Não posso deixar de reconhecer a importância das normas, da rigidez da dissertação, do editorial ou da carta. Mas o meu maior prazer é o jogo de palavras, o mix de letras, de semântica, de fonética e de sentimento. O texto bom de escrever é aquele que carrega um pouquinho da gente, que leva consigo o brilho dos olhos, o sorriso dos lábios e a dor do coração. É aquele que faz a gente se debruçar sobre a mesa e rabiscar, rabiscar, rabiscar... nos permitindo não medir muito as canetadas. Pouco interessa o assunto, o tamanho ou a estrutura: ele próprio se explica, se apresenta, se vende, se lê.

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