domingo, 28 de abril de 2013

Essa tal esperança


"Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas." (Fernando Pessoa)

A gente cresce ouvindo que pode ser o que quiser. Astronauta, ator, médico, motorista de caminhão... ou até mesmo um vagabundo. Fazem uma espécie de lavagem cerebral de esperança. No entanto, os anos passam e a cobrança por resultados começa a ser pesada demais. Com isso, a maioria dos sonhos vão sendo substituídos por outros mais realistas, menos fantasiosos e que tragam dinheiro, estabilidade e, quem sabe, satisfação.

O problema é que, nesse meio tempo, existem duas formas de se perder. A primeira é abrindo mão do ideais radicalmente, para dar lugar ao lucro e poder, ou simplesmente por preguiça de correr atrás do que quer. A segunda, que particularmente acho mais difícil de julgar, é insistir tanto em um sonho a ponto de esquecer de viver as outras oportunidades. Culpa daquela velha lavagem cerebral... as pessoas repetem mil vezes "não desista", embora poucas realmente se importem se você o fizer.

Começa, então, uma espécie de corrida contra o destino. Quebrando a cara como quem troca de roupa. Depois de um tempo, nem dói mais. Vão se acostumando com o fracasso, já que essa busca pela felicidade gera a falta dela. Ao contrário do que dizem, olhar sempre pra frente pode ser ruim. Olhe para os lados e, se preciso, para trás. Reavalie. Procure novos caminhos. Um deles dará certo. Possivelmente aquele pelo qual você nunca pretendeu seguir.

Muitos dos sonhos são nobres, sim. E se realizam. O problema é que outros foram feitos para ser apenas sonhos, nunca realidade. E nisso não tem perseverança que dê jeito. É preciso seguir em frente e construir uma perspectiva nova. Quem sabe uma dez vezes mais bonita? Ter fé num objetivo é maravilhoso, mas não tanto quanto ter fé na vida. Tente, caia, levante, tente mais uma vez. Se não der, talvez seja hora de mudar o foco. Assim, não desgastamos demais a esperança - que é a última que morre, mas morre também. 

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