domingo, 7 de abril de 2013

Paciência e lágrimas no guarda-roupa

Desde pequena, ao sentir meu queixo tremer, eu queria me esconder para que ninguém visse minhas lágrimas. Engraçado, acho que quando criança eu tinha mais vergonha de chorar em público do que agora. Talvez eu esteja me acostumando, sei lá. Mas eu lembro que, quando ficava triste, costumava me esconder dentro do guarda-roupa. Ficava lá sozinha, chorando, chorando, chorando, geralmente abraçada com minhas roupinhas de dormir. Eu achava que era meu esconderijo secreto, mas na verdade minha mãe sabia que eu estava lá o tempo todo, só que me deixava pensar que tinha um cantinho na casa onde ninguém me achava, que era só meu. Agora, eu quero ficar sozinha, mas não acho meu espaço. É estranho sentir a presença das pessoas que amo me incomodando, de um modo que não dá pra evitar. Fico até sem graça, por isso não falo nada, finjo que tá tudo bem, quem sabe assim fique bem de verdade. O problema é que não me cabe mais no armário. Queria um cantinho aconchegante pra chorar, procuro, procuro e não acho. Corro pro quarto, olho em volta, olho pra mim e pergunto pra Deus quando isso vai passar. Ele sussurra no meu ouvido pra ter paciência, pois Ele está cuidando de tudo. Escutou? Ele está cuidando de tudo! Não posso mais esquecer disso, portanto repito pra mim mesma: paciência, paciência, paciência...

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