terça-feira, 2 de abril de 2013

A mudança e nossas interpretações

Quando eu tinha 7 anos, tive que mudar de cidade. Saí de onde eu nasci, de onde minha família toda morava e vim para uma capital menor com meus pais, a mais de 600 km de lá. Nós fomos morar em uma casa grande, num bairro mais simples, totalmente diferente do lugar onde eu morava, que era perto do shopping, do hospital e da farmácia. Os meus vizinhos moravam em casinhas menores, muitos eram humildes e não tinha nenhuma escola particular lá perto. Meus pais diziam que seria por pouco tempo, mas na verdade eu gostava de morar lá. Eu nunca tinha morado em uma casa antes, tinha um terraço espaçoso, muito lugar pra brincar. Tinha um cajueiro lá. Eu achava engraçado ter minha própria árvore. Cheguei na escola nova no meio do ano, sem conhecer ninguém, mas logo estava amiga de todo mundo. Tudo era tão fácil! Olhando pra trás eu vejo que me adaptei muito rápido. Alguns meses depois, nos mudamos para um bairro mais nobre, pertinho da praia. Eu também nunca tinha morado perto do mar. Achei que seria legal, embora estivesse voltando a morar em um apartamento, onde eu não tinha terraço, nem muito espaço, nem árvore. Tinha piscina, então pra mim pareceu uma boa troca. Eu nem notava que tudo estava mudando de novo, simplesmente deixava que tudo acontecesse, afinal, eu não tinha escolha. Era apenas uma menina. Mas tudo isso me faz pensar: por que tenho tanto medo de mudanças hoje? Eu estou familiarizada com elas. Então por que qualquer mínimo detalhe parece tão importante agora? Em cada fase da minha vida eu dei uma interpretação diferente para as mudanças, mas por que antes parecia tão mais fácil? A maturidade não deveria me ajudar a lidar com as situações mais facilmente? Fico confusa por saber que sou muito presa àquilo que me cerca, mesmo sabendo que podem não estar mais lá da noite pro dia. Eu não tenho controle sobre nada, nem mesmo sobre meus sentimentos. Eu sei, agora, que toda essa reviravolta teve que acontecer para fazer de mim quem eu sou hoje. E outras que possam vir vão servir de instrumento para que eu seja o melhor que posso ser.

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